Os estudos da neurociência podem ser aproveitados nas ações de marketing, no desenvolvimento pessoal e até mesmo na arquitetura do ambiente de trabalho. Veja como eles podem ajudar sua empresa a crescer.
A neurociência tem sido cada vez mais usada pelas empresas para fortalecer marcas, atrair e reter talentos, estimular vendas e criar histórias que conectam e emocionam. No ambiente de negócios, os estudos da neurociência podem ser aplicados ao marketing, no desenvolvimento de lideranças, na potencialização de performances e até mesmo na arquitetura do ambiente de trabalho. Reunimos neste artigo alguns conceitos e possibilidades de aplicação que podem fortalecer a sua empresa nesses diversos sentidos.
O que é neurociência?
A neurociência é uma área vasta da ciência que se dedica ao estudo do funcionamento neurológico. Basicamente, podemos dizer que é a investigação de como o cérebro e a consciência se relacionam.
Vale ressaltar que a consciência é considerada um dos territórios mais misteriosos e instigantes da neurociência. Diferentemente do que se acreditava, ela não é uma área específica do cérebro, mas sim um sistema de fluxos que acontecem simultaneamente e paralelamente em diversas regiões deste órgão. Para desvendar os enigmas dessa estrutura tão complexa, a neurociência é dividida em cinco pilares:
- Neuroanatomia: Busca compreender a estrutura dos componentes do sistema nervoso e suas funções.
- Neurofisiologia: Pesquisa as respostas do sistema nervoso central (SNC) e do sistema nervoso periférico (SNP), que juntos compreendem o cérebro, a medula espinhal, os nervos periféricos e placa neuromuscular;
- Neuropsicologia: Nesta área, as investigações científicas buscam desvendar a forma como o cérebro influencia no comportamento e nas funções cognitivas do ser humano;
- Neurociência cognitiva: Estuda os mecanismos cerebrais que possibilitam o pensamento, o aprendizado e a memória;
- Neurociência comportamental: Analisa as relações entre os pensamentos e emoções e os comportamentos perceptíveis, como gestos, expressões faciais e fala.
Neuromarketing
Se a neurociência já é capaz de dar respostas mais claras sobre o comportamento cerebral, as ações de marketing podem ser direcionadas com base em algumas dessas informações. A primeira delas é compreender que o subconsciente é responsável por cerca de 95% das tomadas de decisões. Mesmo que acreditemos piamente que estamos fazendo escolhas de forma racional, na verdade não temos consciência de todos os fatores que nos levam a fazer uma compra ou contratar um serviço.
De acordo com um estudo da Associação Americana para o Avanço da Ciência (AAAS), o processo de decisão é dividido em três etapas. Na primeira, o cérebro já decide o que você vai fazer. Na segunda fase, a decisão é encaminhada para a consciência para que tenhamos uma sensação de clareza em relação à escolha (é o que nos faz acreditar que estamos tomando uma decisão racional). Na terceira, por fim, nós agimos para responder à decisão que foi organicamente tomada, no início do processo.
Mas nada é tão simples como parece. Um estudo de neuromarketing completo compreende o uso de ressonância magnética para, por exemplo, captar os movimentos oculares de uma pessoa quando exposta a um produto ou campanha publicitária, ou observar qual área do seu cérebro foi mais estimulada e qual a intensidade dessas atividades cerebrais.
Dessa forma, ao compreender que as decisões são feitas de forma mais intuitiva e emocional, o marketing pode usar informações sensoriais para atrair a atenção dos shoppers e colaborar para a tomada de decisão. Neste sentido, o uso de certas imagens, cores, tipografias e até aromas e estímulos sonoros podem ser altamente eficazes nas vendas. É claro que a informação objetiva e racional é importante, mas são essas alavancas simbólicas que podem fazer toda a diferença.
Neurociência e as competências socioemocionais
As empresas hoje estão dando mais atenção às soft skills, como são chamadas as competências socioemocionais. Uma tendência no RH e na gestão de pessoas é que o recrutamento, seleção e atração de talentos sejam apoiadas na avaliação de perfis profissionais e pessoais. O foco está na contratação de pessoas com excelentes habilidades comportamentais frente ao conhecimento necessário ou formação técnica.
“Atualmente, há uma busca por equilíbrio entre soft e hard skills. As habilidades socioemocionais passam a ser tão valorizadas quanto os currículos e as competências técnicas. E ambos precisam estar em perfeita sintonia com a cultura da empresa e seu estilo de gestão”, diz Rodrigo Ladeira, diretor de marketing do Grupo Super Cérebro.
Diante desse desafio, alguns estudos na neurociência podem ajudar os profissionais de recrutamento e seleção e de treinamento. Muitos programas de desenvolvimento pessoal utilizam conhecimentos neurocientíficos para trabalhar competências como liderança, foco, agilidade, criatividade, controle emocional, cooperação e pensamento estratégico e lógico.
Neuroarquitetura
Até mesmo a arquitetura pode influenciar na forma como nosso cérebro funciona e reverberar na tomada de decisão do dia a dia. Muitos projetos arquitetônicos aplicam a neurociência cognitiva para analisar como cada ambiente poderá impactar na qualidade de vida das pessoas e no seu estado de felicidade.
“Nós somos seres sensoriais. Temos receptores em nosso corpo que interpretam as informações do meio externo e enviam para o cérebro. Consequentemente, isso vai gerar uma emoção, estimulando um determinado comportamento”, explica a neuroarquiteta Priscilla Bencke, da Qualidade Corporativa – Smart Workplaces.
Isabel Spíndola, neuropsicóloga, master coach e autora do livro “Coaching e Neurociência desenvolvendo líderes excepcionais”, “as empresas são conglomerados de pessoas que buscam realizar os seus sonhos e com eles a felicidade e a autorrealização”. Afinal, é no trabalho que passamos os melhores anos da nossa vida e por isso é importante ser feliz nesse ambiente.
“A inteligência é enriquecida e potencializada com as experiências que cada um consegue vivenciar pelas escolhas que faz ao longo da existência. Então, por que não encontrar atividades e empresas para trabalhar onde você se sinta mais feliz e realizado? Trabalho também é fonte de inspiração e autorrealização”, diz a escritora.
Espaços pensados para promover a satisfação de quem compartilha tanto tempo de sua vida com outras pessoas são fundamentais para garantir o bom ambiente de trabalho, resultando em mais produtividade para as equipes. Inspiradores e agradáveis, os escritórios compartilhados do Club Coworking, por exemplo, ajudam a proporcionar essa felicidade, que se traduz em mais e melhores resultados para a empresa.